11 de novembro de 2009

TPM


Sensação que o mundo vai acabar antes da menstruação... É isto que a maioria das mulheres que tem TPM sente. Também chamada de desordem disfórica pré-menstrual, ou carinhosamente TPM, atinge aproximadamente 75% das mulheres. No entanto apenas 8% das mulheres têm sintomas muito intensos. Nesses casos, há brigas com a melhor amiga, com o namorado, com o MUNDO!
Se você tem ou convive com alguém que sofre desse mal, respire fundo, conte até mil, até dois mil. É só esperar que esses dias de horror passem e você volte a viver em meio a paz e harmonia.

DÉBORA EM... MEU MUNDO CAIU

Acordei com a música “cedo ou tarde” do Nxzero que é o toque do despertador do meu celular. Já passava das seis horas da manhã. Ainda de olhos fechados, não conseguia encontrar o botão para desligar a música. Arremessei o celular na parede e segundos depois quis me socar por isso. Tropecei em uma sandália que tinha usado no dia anterior durante aniversário de quinze anos da Bia, uma garota da minha sala. Joguei a sandália também na parede, mas dessa vez, não me arrependi. Prendi o cabelo com um elástico e fui lavar o rosto.
- Bom dia! – Raquel, minha irmã, perguntou.
- Bom dia por quê?! – perguntei irritada – Vai trocar de roupa logo se não eu vou sair sem você.



- Até parece! – ela provocou.
- Espera pra ver.
Tomei um copo de leite e preparei torradas pra Raquel. A primeira que passei manteiga caiu no chão virada para baixo. Bufei jogando a franja pra trás e limpei o local.
No caminho pra escola, peguei o ônibus lotado. A primeira mulher passou pedindo “com licença”, a segunda apenas passou dizendo um “licença” bem timidamente, já a terceira abriu passagem sem falar uma palavra, empurrou e quase me jogou no colo de uma senhora (muita falta de educação, vale completar).
- Educação mandou lembrança! – gritei, a mulher me olhou e ignorou.
Desci do ônibus já suuuper estressada com o mundo, com dor de cabeça e dores musculares. Cristina veio correndo.
- Você não sabe da maior novidade! – ela começou.
- Depois Cristina, depois!
- Ih... já vi tudo! Tá na TPM.
Me virei pra ela e a fulminei com o olhar.
- Eu não to na TPM!
- Então porque tá gritando?
- EU NÃO TO GRITANDO!!!
- Está sim!
- Não enche o saco, Cristina!
Seguimos em silêncio até nossa sala. Sentei perto da Jess e Cristina perto da Bruna, era aula de história com o professor Evandro.
- Como vocês viram no ano passado, o muro de Berlim foi construído para separar a Alemanha socialista, da capitalista, - ele prosseguiu – então, se seu irmão estivesse do outro lado, vocês nunca mais se viam… - ele brincou.
Fiquei com uma súbita pena dos possíveis irmãos da brincadeira de Evandro. Senti lágrimas escorrendo pelo meu rosto, como se tivesse assistido a um filme melodramático.
- Coitados, - comentei secando o rosto.
- Algum problema, Débora? – Evandro perguntou – Era só brincadeira. Vejam só! Uma garota sensível. Você tem irmã caçula?
- Esse não é o problema. Provavelmente se eu vivesse naquele tempo, tacaria minha irmã pro outro lado do muro.
Riso geral.
- Não é isso professor, ela tá na TPM, - Cristina comentou, para me enfurecer.
Evandro começou a fazer voz de mulher.
- Menina... sei como é isso! É choro, estresse, vontade de matar o primeiro que passar… uma loucura, loucura, loucura!
Mais uma leva de risadas e logo a sala se acalmou.
- E ainda engorda! – ouvi algum garoto gritando do fundão, parecia Breno ou Vitor, os idiotas da sala – Engordou quantos quilos, Débora?
Peguei a tesoura do meu estojo e acertei em Breno, tanto faz se a culpa foi dele ou não, esse idiota vem me irritando há muito tempo. Arremessei o objeto com tanta força que chegou a corta um pouco a testa do garoto.
- Dor de cabeça, estresse, mau humor, cansaço, tristeza repentina, depressão, dificuldade de concentração, carência afetiva, e loucura por chocolate. Mas gorda não! Gorda nunca!
Gritei. Todos os olhares se voltaram para Breno que estava com um corte insignificante na testa.
- Evandro, você não vai fazer nada? Ela podia ter me matado! – Breno, o exagerado protestou.
- Ele mereceu! – Bia, a aniversariante do último fim de semana me defendeu e joguei um beijo pra ela.
Discussões à parte, fui para a sala da diretoria. Ouvi meia hora de sermão moralista de Verônica, a coordenadora com seu barrigão de oito meses de gravidez. Pelo menos ela, como mulher, me entenderia melhor que Décio, o diretor. Expliquei meu “probleminha” delicadamente explosivo e ela pareceu entender, com uma condição: sem tentativas de assassinato da próxima vez.
Fiquei conhecida como a bomba imprevisível da sala. Jess, Cris e Bruna, mal falaram comigo naquela semana, é claro que elas tinham amor à vida.
Comecei a tomar providências quando estava nessas semanas imprevisíveis. A principal mudança foi deixar minha tesoura “assassina” em casa. Bem mais seguro!

4 comentários:

Alessandro "ARC" disse...

TPM ninguém merece uahuahuahuah

saudades de seus textos...
Sei que tyah super ocupada com provas e talz.. mas saiba que to a espera da próxima leitura..

Bjãooo linda

KARLA rayana disse...

SIMPLESMENTE ADOREI

Anônimo disse...

Adorei esse texto pancada

Anônimo disse...

kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk AMEI!!!!!!!!!!!!!

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