28 de outubro de 2009

Irmã caçula

Só quem tem irmã ou irmão caçula sabe. Rola stress, brigas e discussões constantemente. Geralmente o caçula tem a proteção materna na hora das discussões, as mães dizem que só estão ajudando porque eles não sabe se defender. Ora! Claro que sabem! Se provocam, também tem que saber ouvir bronca. São casos e acasos, acredite se quiser… às vezes o mais velho é mais imaturo que o caçula!
Existem diversos tipos de irmãos: os briguentos, os vingativos, os amáveis, os irritantes, os fofoqueiros, os que querem te imitar em tudo, e principalmente os que adoram perguntar…


DÉBORA...
MINHA IRMÃ TEM CADA IDÉIA!!


Já era tarde, eu estava fazendo um lanche na cozinha e minha irmã, Raquel, apareceu – como sempre! – e começou com um questionário.
- Porque o céu é azul? – Raquel, perguntou.
- Não sei, – respondi.
- Porque o Brasil se chama Brasil?
- Porque quando os portugueses chegaram aqui tinha muito Pau Brasil.
- Só tinha Pau Brasil?
- Naão, Raquel! Tinha outras árvores também.
- Então porque colocaram logo de Pau Brasil? Tem tanto nome bonito de árvore: Macieira, Eucalipto, Pereira.
- Porque você não pergunta pra quem descobriu o Brasil?
- Dã! – ela respondeu como se estivesse mesmo me corrigindo – Ele já deve ter voltado pra Portugal!
- Ele morreu há muito tempo!
- Morreu? Como alguém descobre um país e morre?
- Alooô… só porque você descobre uma coisa, não quer dizer que vai virar imortal!
- Mas devia!
- Tá bom, Raquel! – disse já sem paciência.
- Porque você nunca tem paciência comigo?
- Eu tenho paciência com você. Até demais!
- Porque até demais? Eu sou o tipo irritante de criança? Eu te tiro do sério? Ai, Déb! Eu gosto de você, a culpa não é minha se eu gosto de saber das coisas, mas não chego a ser chata, chego? Não, eu não chego! Sou uma criança muito esperta!
- E modesta também! – ironizei, mas ela não entendeu a piada.
- Eu sou irritante?
- Só às vezes.
- Por quê?
- Porque é, Raquel!
- Mas tem que ter um por quê. Tudo nessa vida tem um por quê! Que tipo de irritante eu sou?
- Irritante… irritante! Não tem classificação.
Ela ficou quieta por alguns segundos.
- Muito ou pouco irritante?
- AH! – gritei – Será que você não consegue calar a boca por cinco minutos?
- Eu falo bobagem?
- MUITA!
- Você não gosta de mim… - ela fez chantagem emocional.
- Claro que gosto, mais ainda quando está de boca fechada.
Coloquei o pão na torradeira.
- O que você vai querer ser quando crescer? – ela puxou assunto.
- Ainda não sei.
- Como não sabe? Todo mundo sabe!
- O que VOCÊ vai querer ser?
- EU? – ela indagou. Como se tivesse mais alguém a quem eu pudesse perguntar. – Quero ir pra Marte!
- Ir pra Marte? Isso não é uma profissão. O homem não pode ir pra marte!
- Se o homem não pode não é problema meu, as meninas podem! Você podia ir comigo!
- Nem homem, nem mulher, nem criança. Até hoje só tem robôs em marte.
- Ah! Porque eles podem e eu não? Sou forte!
- Eu sei que você é forte! – disse tocando a ponta do nariz dela – Muito forte, mas é que tem tantas profissões legais…
- Bom… - ela fez uma pausa enquanto sentava sobre a mesa – Tem outra profissão – abri a geladeira, peguei uma garrafa pet de um litro e bebi no “gargalo” – Eca! Que nojo, Débora!
- Não enche o saco! – estrilei bebendo mais um pouco – Fala, que outra profissão?
- Bom, eu li num jornal da escola que uma moça tinha ganhado mil reais por duas horas de trabalho.
- Duas horas?! – perguntei assustada.
- É! Não sei direito como é o trabalho, mas se é pra ganhar mil…
Eu ri. Até parece que ela sabe a importância dessa quantia em dinheiro.
- Que trabalho é esse? – perguntei curiosa.
- Já que eu não posso ir pra marte, vou ser garota de programa!
Eu engasguei. Minha irmã nem sabia o que era aquilo.
- NÃO! – gritei – Você não pode! Não repita isso pra ninguém, entendeu?
- Por quê? O que ela faz?
Limpei a garganta.
- Uma coisa muito feia, você não pode ser isso.
- Isso o que?
- Garota de programa!
- Mas você acabou de falar, como você não quer que eu fale se você fala?
- Só não fale mais, ok?
- Porque eu não vou falar se nem sei o que é?
- Exatamente por isso! – berrei – Quando não se tem certeza sobre algo, devemos ficar com a boca fechada.
- Mas o que as garotas de programa fazem? A Amanda, minha amiga, disse que elas mexem com programas de computador. Porque eu não posso mexer? Eu mexo no seu computador, Déb! Qual é o problema?
- Daqui a uns anos você vai saber.
- S eu não posso saber agora, então eu vou pra marte! – ela cruzou os braços – Vou descobrir se E.Ts existem, se falam a nossa língua, se são verdes, amarelos, vermelhos. Vou viajar numa nave espacial feita de chocolate e tomar sorvete todo dia.
- Esse é seu sonho? Sorvete e chocolate todo dia? Se fosse assim, você viraria uma bola!
- Não, bola eu nunca quis ser, só ir pra marte ou ser garota de…
- Se completar a frase, você morre! – ameacei.
- Tá bom, então eu vou pra marte!
- Mas não dá. Raquel, seja realista!
- Então eu vou ser garota de programa.
Eu suspirei.
- Tá bom, Raquel! Você pode ir pra Marte em uma nave espacial coberta de chocolate! Satisfeita?
Ela abriu um enorme sorriso e começou a correr pela casa.

2 comentários:

Kátia disse...

Olha só essas crianças de hoje... tanta informação, e sem conhecimento sobre coisas tão importantes

Adão Filho disse...

bom, eu sou escravo da minha irmã e preciso de ajuda, ela tem a proteção de todo MUNDO e ja virei alvo de piadas por não mandar nela... (ve se pode) PRECISO DE AJUDA!!!!!!!!!!!!!!

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