31 de outubro de 2009
Os opostos se atraem
Com certeza existem garotos que choram à toa e garotas que odeiam bater papo ao telefone. Mas esquecendo as exceções e generalizando os casos, não dá pra negar que existe um pouco – ou um monte – de diferenças entre o comportamento masculino e o feminino. E é claro que essas diferenças podem gerar um bocado de problemas e discussões. No entanto também é possível aprender com elas e ter um relacionamento sem tantas neuras.
É porque nascemos diferentes? É uma questão cultural? Não vamos discorrer sobre isso, até porque nem os cientistas sabem direito a resposta.
Jéssica em... Sinceridade masculina
Léo estava me esperando há horas no sofá da sala. Troquei de roupa pelo menos 369 vezes até ficar com a primeira opção que tinha vestido. Um vestidinho balône cor de rosa e uma bota sem salto preta. Ainda não estava convicta de que minha seleção era a melhor escolha, então recorri ao meu namorado.
- Como estou? - perguntei dando uma rodadinha enquanto ele segurava minha mão logo acima da minha cabeça. Sua expressão não estava muito satisfeita – O que foi?
- Nada! Você está linda!
Fiz uma careta, ele não parecia estar sendo muito sincero.
- Leonardo Castro! – falei – Fala a verdade! Eu to gorda?
- Gorda?! Claro que não, lindinha!
- Lindinha? Lindinha?!
Ele ficou confuso.
- Qual o problema?
- Leonardo Castro, lindinha não é um adjetivo apropriado para elogios. Lindinha vem do diminutivo, menos que linda. Entendeu?
- Credo, Jéssica! Qualquer garota gosta desse elogio.
Lancei um olhar fulminante para Léo, ele definitivamente perdia oportunidades excelentes de ficar com a boca fechada.
- Acontece, Leonardo Castro, que não sou qualquer garota!
- Você entendeu o que eu quis falar. Vamos logo ou não para o restaurante?
- Antes você tem que me responder com sinceridade…
- Que saco, Jess! Poxa, eu te chamo pra jantar e fica arrumando motivo pra brigar?
- Não to arrumando motivo pra brigar, só quero que me responda.
- Já respondi.
- Com sinceridade.
- Você é magra Jess, nada vai mudar isso.
- A questão não é ser magra, a questão é o que essa roupa está falando sobre mim.
- Não sabia que roupas falavam.
Ele tentou descontrair, mas confesso que não estava com muito humor para piadas.
- Sabia que o que você tem de bonitinho, tem de sem graça?
- Bonitinho? Bonitinho?! – ele imitou meu tom de voz – Jéssica Mendonça, bonitinho não é um elogio aprop… aprorpi… enfim… Bonitinho vem do diminutivo… - ele riu.
- Engraçadinho…
- Ué… você acabou de me chamar de sem graça e agora sou engraçadinho?
- Cala boca e vamos logo!
Puxei sua mão e fomos pra fora da casa, ouvi meu pai gritar do quintal:
- Juízo, hein?
- Claro! Não vou deixar sua filha se aproveitar da minha inocência! – Léo Brincou.
- Olha que eu sou perigosa… - sussurrei ao seu ouvido, mas meu pai não ouviu.
- Sei disso – ele respondeu me entregando o capacete e sentando na moto – Vou me cuidar!
Segurei meu vestido enquanto ele tentava voar durante a viajem. Chegamos ao restaurante, fui ao toalete para arrumar o cabelo enquanto ele se sentava à nossa mesa.
Quando voltei vi Leonardo passando um guardanapo no decote de uma garçonete morena, devia ter seus dezoito anos. Fiz uma cara de raiva para ele me sentei ao seu lado, aproximadamente um minuto depois ele terminou o “serviço” e me encarou.
- Posso saber o que foi aquilo? – perguntei.
- Eu levantei bem na hora que ela estava passando com uma tigela de molho e sujou o uniforme.
- Ah… que fofo! – ironizei – Tão solidário…
- Pelo amor de Deus, Jéssica!
- Pelo amor de Deus? Era só pedir desculpas!
- Desculpe se a minha educação te irrita!
- Desculpe se a minha educação te irrita!
- Tá me chamando de mal educada?
- Eu não disse nada!
- Mas tava pensando…
- Mas tava pensando…
- Se acha que consegue ler pensamentos, porque ainda pergunta?
- Então você estava mesmo pensando!
- NÃO! – ele estrilou – Vai começar com crise de ciúme?
- Eu não estou com ciúme! – ele me encarou e eu revirei os olhos – Tá… só um pouquinho.
Léo riu.
- O que vão querer?
A mesma garçonete perguntou olhando para o MEU namorado. Passei o braço ao redor dos ombros de Léo.
- Primeiro, queremos ser servidos por aquele garçom – apontei para o rapaz loiro com o cabelo quase nos ombros, Léo me olhou desconfiado – Não é nada pessoal, querida! É que eu e o MEU NAMORADO já viemos aqui uma vez e… - percebi que estava falando demais – Quer saber? Não preciso explicar! Faça o que eu te pedi, por favor?
Ela olhou para Léo, como se ele fosse me interromper ou pedir que ela ficasse. É lógico que ele tem amor a vida e apenas completou:
- Faça o que ela pediu. – disse ele educadamente. Não pude esconder meu risinho de satisfação. Onde já se viu? Dar em cima de um cara que está acompanhado!
- Hum… claro! – ela respondeu surpresa.
- Posso saber o porquê da preferência pelo loiro? – Léo perguntou.
- Você está com ciúmes? – perguntei, gostando da possibilidade.
- Não. Claro que não!
- Ótimo! – exclamei já sem humor.
- O que vão pedir? – o garçom loiro perguntou, sorri pra ele, provocando Léo.
- Opção 7 pra mim. E você? – Léo me perguntou.
- Não sei… acho que esse garçom deve ter uma sugestão.
- Indico a opção nove. – O loiro falou.
- Perfeito, opção nove pra mim. – entreguei o menu. O garçom saiu para fazer o pedido.
- O significa isso, Jéssica? Primeiro briga comigo por estar ajudando uma garçonete e agora está paquerando garçom?
- Direitos iguais, meu bem! – provoquei.
- Não estou gostando desse tom de voz. Essa não é você!
- Qual é o problema? Você não sente nem ciúmes de mim.
- Essa é a questão? Por isso paquerou o garçom?
- Foi um dos motivos. – confessei.
- Fala sério, Jess! Sabe que eu te amo!
- Tem tanta gente que ama e faz coisa errada…
- Jéssica, se você está aí dentro, mande um sinal! – ele brincou falando ao meu ouvido.
- Ai! – falei encostando o ombro na orelha. – Eu to aqui!
- Claro que eu to com ciúme, sinto ciúme sempre, só não sou histérico.
- Então, eu sou histérica?
- Caraca! Tá querendo brigar hoje? É isso?
Respirei fundo. Eu realmente não estava muito agradável aquela noite. Passei a mão no seu rosto e o beijei.
- Desculpa… - falei dengosa.
- Tá desculpada! – ele disse automaticamente.
Terminamos a refeição e andamos pela pracinha ao lado do restaurante. Estávamos de mãos dadas. Um vento forte “inflou” meu vestido balonê.
- Opa... – falei sem graça.
- Cuidado pro balão não voar… - ele fez o comentário suuuper desnecessário.
- BALÃO? – perguntei séria.
- Esse é o nome do estilo do vestido, não é?
- É Balonê! – corrigi – Eu to gorda, não estou?
- Claro que não!
- Pode falar… eu não vou ficar chateada.
Ele pensou um pouco.
- Pra falar a verdade, gorda você não tá, mas esse vestido podia ser um pouco mais apertado, tá com muito volume, aí parece que você tá…
- Gorda?
- Só um pouco.
- Você é um incessível!
Ele arregalou os olhos surpreso.
- Mas você disse que…
- Não interessa! Você mentiu!
- Então porque você perguntou se não queria ouvir a resposta?
- Ah! – gritei.
Ele se aproximou e passou a mão na minha cintura.
- Garota, você me tira do sério! – ele disse passando sua mão livre no meu pescoço.
Sempre foi assim, é só eu ficar irritada e Léo usa a técnica, segundo ele “infalível” para me acalmar.
- Isso é golpe baixo! – protestei em meio aos beijos, sem a mínima vontade de fazê-lo parar.
- Eu sei, mas eu to adorando!
Nos beijamos por um longo tempo, poderiam ter sido horas! Tudo valia a pena para continuar namorando à meia noite sob a luz do luar.
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2 comentários:
po, mo interessante!
Sempre é assim. Quando querem brigar, provocar, elas conseguem. Nós que somos os santos da história, hehehe.