2 de novembro de 2009

Quinze anos


 A idade desejada por milhões de garotas. A idade dos sonhos de toda mulher.
“Ah se eu tivesse quinze anos…” muitas dizem.
            Faria aquela festa, aquela viagem, aquela declaração, aquela poesia. Faria tudo e mais um pouco que aos 20, 30, 40 estaria preocupada demais com o que os outros pensariam de mim.
           Muitas escolhem festas, outras viagens, outras não escolhem nada. O importante não é o que a certidão de nascimento mostra. Pode-se ter quinze anos aos 30, aos 60…
          Como diria o Túlio Deck Na vida tudo passa, não importa o que tu faça!”
          O importante é viver cada dia como se fosse o último. Não se importando com a opinião alheia, vivendo e sendo feliz.

Cristina em...
Festa de Quinze anos

 Eu, Jess e Bruna fomos para o apartamento da Déb. Ela estava eufórica olhando alguns modelos de vestido de debutante em uma revista. Das quatro, ela era a única que não tinha passado por essa data tão especial.
- Olha esse! – Jess exclamou colocando o dedo na foto que lhe interessava.
- Não sei qual escolher!
- Escolhe mais de um, - Jess sugeriu.
- Bem que eu queria… mas a grana não dá. Tenho que pensar em um monte de coisas, decoração, tema, local, vestido, convidados!
- Na boa Débora, acho festa de quinze anos uma perda de tempo, - falei.
- Você fala isso porque não teve uma! – falou Bruna.
- Não tive festa por opção. Acho muito comum essa coisa de debutante, um bando de hipócritas vai à sua festa só pra comer e falar mal depois.
- Nem sempre é assim! – Jess disse – Tá, tem gente que chamamos por obrigação, mas e os amigos, não contam?
- Fala sério, Jess! Você me contou que a maioria dos convidados da sua festa eram amigos dos seus pais.
- O que queria que eu fizesse?
- É disso que eu to falando! – exclamei – Festa de quinze anos só trás dor de cabeça.
- Mas é uma lembrança pra toda vida, você pode fazer festa de dezesseis, de dezoito, de vinte… nunca será “A festa”.
- Imagine, uma festa de quinze anos BOA, completa, não sai por menos de 5 mil. Tem que contratar DJ, garçom, buffet, decoração. Alugar vestido, chamar os convidados. É um stress! E sempre acontece alguma coisa.  No da Jess, acabou a luz no melhor da festa e no da Bruna quando ela foi dançar thriller pisou no vestido e rolou pelo chão.
- Mas bem que você gostou quando faltou luz… - Débora provocou.
- Não sei do que vocês estão falando, – menti.
- Tem certeza? E o Fabinho? Será que ele também não sabe? – falou Bruna rindo.
- Ok, vocês venceram, faltar luz não foi tão ruim, - admiti - mas só to querendo dizer que fazer uma festa pode virar um pesadelo.
- Credo! – Bruna falou – Não acha que quem tem que decidir isso é a Déb?
- Só estou dando conselho!
- Se conselho fosse bom, ninguém dava, vendia! – Jess disse.
- CHEGA! – Débora gritou – O aniversário é meu! Se eu quiser ir de vestido roxo com bola laranja, eu vou!
- Nem pensar! – estrilou Jess – Roxo não combina com seu tom pele!
Gargalhamos.
- Fora isso, tem sempre aquela prima-da-vizinha-da-sua-tia-avó que você nunca viu na vida, mas tem que abrir um sorriso colgate como se fossem amigas de infância, - completei – será que vocês não veem?   
- Não seja pessimista, Cris! – Jess exclamou já estressada.
- Ok, não vou mais falar nada sobre isso – pensei por alguns segundos – só uma perguntinha básica. Você vai chamar o Fabinho?
- Hum… - elas pronunciaram enquanto me olhavam desconfiadas.
- O que foi? O Fabinho é legal, é simpático, é inteligente…
- É lindo, é gostoso, é um tudo de bom! – Bruna provocou – E o melhor de tudo: É louco por você!
- Qual garoto não é? – falei “modestamente”.
- Convencida!
  Jess me tacou uma almofada. Quando tentei fazer a mesma coisa, ela se abaixou fazendo com que a almofada batesse em um porta retrato que se partiu em dezenas de pedaços. Droga!
- Ops! – falei levando a mão à boca e arregalando os olhos.
 Déb pegou com cuidado a foto, balançou um pouco para que os cacos de vidro permanecessem no chão. Peguei uma vassoura e varri os cacos. Ficamos em silêncio por alguns minutos.
- Sua mãe vai ficar muito irritada? – Bruna perguntou – Acha que agente pode inventar alguma desculpa? Tipo, um passarinho entrou aqui e esbarrou na foto.
- Nooossa! – Déb falou ironicamente – Foi o melhor que conseguiu inventar?
- Calma gente! Eu assumo a culpa. O que a mãe dela pode fazer? Me tacar uma almofada e me arremessar pela janela do apartamento? – falei.
- Bem provável – falou Déb entre os risos – To brincando! É verdade, mentir não vai levar a nada. Até porque é só um porta retratos, certo?
 Concordamos e logo voltamos a debater sobre o assunto de antes “festa de quinze anos”.  Deitamos no chão gelado da sala, por causa do calor insuportável.
- Qual vai ser o tema? – Jess perguntou.
- Eu tava pesando em uma coisa mais Pink, - falou Déb.
- Fala sério, Déb! Metade das garotas fazem aniversário de quinze anos com o tema cor de rosa. – Vociferei.
- Ou então lilás, roxo… - ela completou.
- A outra metade faz lilás ou roxo, - falei suspirando.
- Você tem alguma idéia? Senhora sabe-tudo?! – perguntou Bruna.
- Em primeiro lugar, é senhorita sabe-tudo. Em segundo lugar, eu tenho uma sugestão! – as três se sentaram para me encarar. Limpei a garganta ficando de pé – Vamos deixar a opção tradicional de lado, ok? Sem quinze damas e sem vestido branco – elas balançaram a cabeça acompanhando meu raciocínio – Débora, você não é qualquer garota! Tem um estilo bem particular, ama rock e ao mesmo tempo chora vendo filme de romance, apesar de não gostar muito. Sempre foi ligada à musicas retrôs e a década de cinquenta.
- Vai mesmo falar a biografia da Déb? – Bruna debochou.
- Cala a boca, Bruna! – estrilei – Com todo carinho, é claro! – amenizei a situação – Eu acho que uma festa com o tema dos anos cinquenta ia ficar a sua cara! Imagine, um ambiente para os adultos e outro bem personalizado para os adolescentes, pista de dança e todo mundo vestido de acordo com a década. Você com um modelo de debutante, mas sem fugir do tema da festa. Vai ficar lindooo! – exclamei já me sentido A provedora de eventos.
- Detestei! – Jess disse, é claro que ela preferia o tema cor de rosa – Não tem nada a ver com festa de quinze anos, e sim um baile à fantasia. Pelo amor, Cris!
- Adoraria ouvir a sua sugestão
Ironizei sentado no chão enquanto Jess respirava fundo e começava a falar.
- Sou bem pratica. Dane-se que várias garotas fazem festas com o tema “rosa”, vai ser a SUA festa, SEUS convidados. E ninguém tem nada a ver com sua escolha. Faça uma coisa bem fofa, bem meiga, bem rosa chiclete! – ela se empolgou – Use um vestido Pink, com asas de fada e um sapato es-can-da-lo-so! Decore o ambiente com flores e corações de pelúcia. Seja A princesa da noite!
Débora fez uma careta.
- Menos, Jéssica! Beeem menos! Quando sugeri o rosa não era pra minha festa virar um conto de fadas, - falou Déb.
- Qualquer garota quer que sua festa vire um conto de fadas! – exclamou Jess, com orgulho – A não ser que essa garota seja a Cris.
Jéssica me fulminou com os olhos e eu fiz uma careta pra ela.
- Tenho uma sugestão! – Bruna falou – Que tal o tradicional mesmo? É tãão lindo! Tão perfeito! Quinze damas entrando, como quinze princesas. E você a rainha, vestida de branco, trocando a boneca por um sapatinho de salto… LINDOO!
- Só falta você querer que uma de nós cante “Aos olhos do pai”! – falou Jess.
- Qual o problema dessa música? É linda! – Bruna exclamou.
- É linda, mas não é só você que acha isso. Em 99,9 dos aniversários tem alguém cantando essa música… AFF! – falou Déb – No meu niver vai ter muuuito Nxzero!
- Nisso eu concordo! – falei – Muuuito Nxzero!
- Já decidi como vai ser minha festa! – Débora falou. Olhamos pra ela ansiosas – Vão ser dois ambientes, um para os adolescentes e outro pros adultos. Pista de dança com muita música boa. O tema será anos cinquenta cor de rosa. Sem a parte dos convidados caracterizados. Meu vestido vai ser estilo retrô com luvas daquela década, mas a cor vai ser rosa, disso eu não abro mão. E vou ter três damas de honra com o vestido parecido com o meu, só que um rosa mais claro.
 Nos entreolhamos, claro que já sabíamos quem seriam as três damas.
- Amei! – eu, Jess e Bruna concordamos em coro
- O que eu faria sem vocês?
 Déb perguntou e nos juntamos para um abraço coletivo.

 A festa foi um arraso! Muita gente bonita, muita gente cheirosa e muitos, muuuitos gatinhos. Débora estava linda, uma princesa-paty dos anos cinquenta. Ela dançou Elvis Presley com seu pai.
 Conheci Júlio, um primo da Déb. Ele era muitíssimo simpático, dançamos juntos, trocamos MSN, nada além disso.
 E o Fabinho? Ah… ele estava completamente perfeito, só um pequeno – mas significante – problema, estava com sua nova namorada. Fiquei encarando os dois por um longo tempo, até porque, olhar não tira pedaço. Pena!

5 comentários:

Luana disse...

Ah... meus quinze anos...

Marineide Dan Ribeiro disse...

Continue escrevendo sempre...
você conhece o blo terapia literária?
vale a pena ver...
terapialiterária.monicaty.blogspot.com
Um abraço
veja meu texto sobre Saramago: Ensaio sobre a cegueira.
bjs

Lucas Magalhães disse...

"E sempre acontece alguma coisa. No da Jess, acabou a luz no melhor da festa e no da Bruna quando ela foi dançar thriller pisou no vestido e rolou pelo chão."

Eu ri nessa parte, confesso.

... E o tal do Fabinho se deu bem. rs

Beijos, Sucesso.

Alessandro "ARC" disse...

Seus textos são maravilhosos...
É o sonho de toda menina sim..
Fazer 15 envolve muitas coisas e é o momento mais especial de uma menina mulher...
Mas não pense que são só as meninas que esperam não ok.. os meninos ficam tudo a espera pra ser o principe de vcs futuras mulheres maravilhosas..

Gosto muito de seus textos ♥

Unknown disse...

bem top continue escrevendo

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